Maiza Trigo
Há quase um mês, na quarta-feira 07/01/2015, Paris sofreu um atentado de proporções inimagináveis. A partir deste momento, centralizam-se questões sobre "liberdade de expressão", "terrorismo", "religião", "Je suas Charlie", "Je ne quis pas Charlie"... Entre o explicar e o justificar os acontecimentos há um grande abismo de ignorância. Sim, antes de qualquer coisa, somos TODOS, em algum grau, ignorante!
O Dicionário de Filosofia, de Nicola Abbagnano, informa que a ignorância é a
imperfeição do conhecimento, mais precisamente a deficiência, inseparável do saber humano e devida às limitações do homem. Kant distinguiu a Ignorância em objetiva e subjetiva. A Ignorância objetiva consiste na deficiência de conhecimentos de fato ou na deficiência de conhecimentos racionais. A Ignorância subjetiva é Ignorância douta ou científica (de quem conhece os limites do conhecimento) ou Ignorância comum, que é a Ignorância do ignorante. Kant acrescenta que a Ignorância é inculpável nas coisas cujo conhecimento ultrapassa o horizonte comum, mas é culpável nas coisas cujo saber é necessário e atingível.
Essa ignorância permite-nos viver, ou conviver, em uma inércia social, onde o "Política, futebol e religião não se discutem!" impera e os acontecimentos, antes de serem tratados como fatos - num futuro a serem tratados como históricos, são discutidos ao longe por todos, sem que haja a preocupação em explicitar a sequência dos acontecimentos.
Portanto, tendo em conta que é de extrema importância perceber a distinção bastante explícita entre o explicar e o justificar, seríamos capazes de listar os diversos fatos relacionados ao ataque do semanário Charlie Hebdo? Sem qualquer interferência emocional, religiosa ou política? Seríamos capazes de explicar o que aconteceu?
Antes de pensar em uma explicação política, religiosa ou "racionalmente" correta, imagine-se em uma sala de aula, com 26 crianças entre os 11 e 12 anos de idade (ou atualmente denominados pré-adolescentes), de origens étnicas diversas, e precisamente igualitária entre cristãs, judias e muçulmanas (essas religiões estariam representadas em convergências às pessoas que estiveram envolvidas nos ataques). Exatamente nos dias seguintes ao ataque ao semanário, à polícia, ao supermercado, à gráfica de sinalização... Após a comoção das manifestações "Je suis Charlie", após as repercussões do "Je ne suis pas Charlie", após as réplicas das manifestações muçulmanas.
Como tratar o assunto em sala de aula? Como preservar os valores educativos, familiares e escolares, sem qualquer (pré)conceito? Como seria planejar uma aula ou um seminário sobre os acontecimentos do "Charlie Hebdo"? Qual a importância para tal discussão? Que temas abordar? Quem convidar? Não seria fácil, mas certamente exequível!
Este texto não tem a intenção de explicar os acontecimentos relacionados com o ataque ao Charlie Hebdo, nem levantar bandeira em favor deste ou aquele movimento "Charlie". O objetivo é fazer refletir sobre as influências as quais os professores, de forma geral, estão submetidos. São influências políticas, governamentais, sociais, religiosas, da mídia...
Portanto, tendo em conta que é de extrema importância perceber a distinção bastante explícita entre o explicar e o justificar, seríamos capazes de listar os diversos fatos relacionados ao ataque do semanário Charlie Hebdo? Sem qualquer interferência emocional, religiosa ou política? Seríamos capazes de explicar o que aconteceu?
Antes de pensar em uma explicação política, religiosa ou "racionalmente" correta, imagine-se em uma sala de aula, com 26 crianças entre os 11 e 12 anos de idade (ou atualmente denominados pré-adolescentes), de origens étnicas diversas, e precisamente igualitária entre cristãs, judias e muçulmanas (essas religiões estariam representadas em convergências às pessoas que estiveram envolvidas nos ataques). Exatamente nos dias seguintes ao ataque ao semanário, à polícia, ao supermercado, à gráfica de sinalização... Após a comoção das manifestações "Je suis Charlie", após as repercussões do "Je ne suis pas Charlie", após as réplicas das manifestações muçulmanas.
Como tratar o assunto em sala de aula? Como preservar os valores educativos, familiares e escolares, sem qualquer (pré)conceito? Como seria planejar uma aula ou um seminário sobre os acontecimentos do "Charlie Hebdo"? Qual a importância para tal discussão? Que temas abordar? Quem convidar? Não seria fácil, mas certamente exequível!
Este texto não tem a intenção de explicar os acontecimentos relacionados com o ataque ao Charlie Hebdo, nem levantar bandeira em favor deste ou aquele movimento "Charlie". O objetivo é fazer refletir sobre as influências as quais os professores, de forma geral, estão submetidos. São influências políticas, governamentais, sociais, religiosas, da mídia...
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