Emanuela Carvalho
O ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) foi criado em 1998, no governo do então Presidente Fernando Henrique Cardoso, com o objetivo de avaliar a etapa final da Educação Básica no Brasil. O exame seria aplicado ao final do Ensino Médio (equivalente ao Ensino Secundário em Portugal) e teria também a função de dar acesso aos programas de financiamento estudantil, como o PROUNI.
Ao longo dos anos, o ENEM sofreu significativas mudanças, entre elas, passou a ser aceito como forma de ingresso nas universidades, depois de uma estratégia do Ministério da Educação, que modificou a sua proposta, para que ele fosse aceito como forma de ingresso, substituindo o vestibular, parcial ou totalmente. Com o passar do tempo, as universidades particulares também aderiram ao ENEM, o que fez aumentar consideravelmente o número de alunos interessados em participar da avaliação.
Outra mudança importante é que o exame passou a ser utilizado para a formação dos rankings, apresentando as “melhores” escolas. Desta forma, as instituições, preocupadas em estar bem colocadas nesta lista, passaram a investir na preparação dos seus alunos, repensando conteúdos, planejamento, atividades docentes em função do ENEM. Os professores, que há anos preocupavam-se em preparar os alunos para o vestibular, sentem hoje a necessidade de preparar os alunos para o exame, já que além de dar acesso às universidades, eles demonstrarão, através dos números, quais são as melhores escolas. E não é só o trabalho docente que sofre os impactos. A própria gestão da escola organiza-se em função do exame, já que são aplicados simulados e oferecidas atividades específicas que mudam a rotina da escola.
O que os professores pensam da “interferência” do exame nos seus trabalhos? Ainda é cedo para saber. Mas a minha curiosidade e interesse pelo tema me levarão a questioná-los e, quem sabe, a encontrar essa resposta e tantas outras que nos levem a entender as possíveis consequências do impacto do ENEM no trabalho docente e na Educação do Brasil.