Maria da Luz Pereira Pedroso
Quando
a Lei n.º 85/2009, de 27 de agosto, foi publicada, estava em questão o
estabelecimento da idade escolar entre os 6 e os 18 anos, ou seja,
implicava o alargamento da escolaridade obrigatória ao ensino
secundário. Com a sua implementação através do Decreto-Lei n.º 176/2012,
de 2 agosto, é referido no seu preâmbulo que o “alargamento da
escolaridade obrigatória constitui, neste momento, um dever do Estado
que tem de ser harmonizado com o dever da frequência da escolaridade que
recai sobre os alunos. Resulta, assim, num conjunto de deveres
recíprocos do Estado, da escola, do aluno e da respetiva família. A
responsabilização dos alunos e das famílias, através dos pais e
encarregados de educação, constitui igualmente um aspeto fundamental
neste novo regime que se estabelece” (DR, 1.ª série-n.º 149, p. 4068).
Tendo
em conta o referido anteriormente e o reconhecimento de algumas das
vantagens do alargamento da escolaridade obrigatória, como o aumento dos
níveis de literacia da população, esta Lei traz contudo às escolas e à
comunidade educativa novos questionamentos, que se estendem ao meio
académico e a outras entidades públicas e privadas com responsabilidades
sobre as instituições escolares, especialmente sobre as potencialidades
e os constrangimentos deste alargamento.
Tendo em conta a crise
económica e financeira, as reformas do Estado, na sequência das
sucessivas avaliação da Troika, e os dados mais recentes de entidades
que tutelam o bem-estar de crianças e jovens, e suas respectivas
famílias, como a Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em
Risco, os Centros Educativos, a Equipa Multidisciplinar de Assessoria ao
Tribunal, a Direcção-Geral de Reinserção Social, a Polícia de Segurança
Pública (Programa Escola Segura), entre outras, acreditamos, de facto,
que a escola pública ainda não é para todos. Estamos, por conseguinte,
longe de conseguir cumprir a meta de Bruxelas, de redução da taxa de
abandono escolar precoce em 10% até 2020, na União Europeia.
Entendemos,
por isso, ser urgente uma reflexão plural entre diversos atores
educativos e sociais, a fim de se debaterem as questões relacionadas com
o alargamento da escolaridade obrigatória, nomeadamente os desafios
previstos, o alcance das mudanças e os potenciais problemas que se
colocarão às escolas/agrupamentos, às famílias e ao Estado, para que dessa forma todos sejamos co-responsáveis nesse processo.
Bom trabalho. Uma boa discussão
ResponderExcluirFico maravilhado quando vejo uma preocupacao real com o destino das novas geracoes. A educacao e a base fundamental para o futuro. A luta das familias, a motivacao dos alunos, o aprimoramento de uma linguagem que fale o que a crianca e o adolescente precisam ouvir. Os professores preparados para esses novos desafios da nova carga horaria do ensino. Parabens a voces.
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