quinta-feira, 18 de julho de 2013

A importância das relações na educação pré-escolar - Parte I


Inês Abreu Rodrigues

As instituições de educação pré-escolar são locais sensíveis na medida em que são estabelecidas variadas relações que devem promover o desenvolvimento equilibrado e global da criança, tal como transmitem as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE). No entanto, para que tal seja possível, não basta atender ao desenvolvimento cognitivo da criança pois, se isso acontecer, estar-se-á a negligenciar uma parte fundamental no desenvolvimento da criança: o desenvolvimento emocional.

Ao realçar o papel do desenvolvimento emocional das crianças, Spodek (2002) defende que o acesso à educação pré-escolar é vantajoso para a maior parte das crianças porque lhes permite desenvolver competências sociais graças à interação e ao estabelecimento de amizades com os seus pares.

Visto que as crianças entram desde muito cedo em instituições de educação, elas são confrontadas com a necessidade de comunicar e de se relacionarem com os pares, começando a identificar-se com as crianças que têm as mesmas características e os mesmos interesses, o que as leva a experimentar a amizade. Assim, a amizade nestas idades alicerça-se no prazer que as crianças obtêm durante os seus jogos e brincadeiras feitos em comum, em que são elas próprias a delinear as regras e os papéis que cada uma representa (Furman, 1982, citado por Spodek, 2002).

Para além deste prazer e bem-estar emocional que as crianças experimentam nas suas brincadeiras e jogos, é interessante realçar o papel que este tipo de situações tem no desenvolvimento da criança nomeadamente ao nível da adaptação e desempenho escolar sendo, de igual modo, uma fonte de aprendizagem para viver em conjunto, para conhecer outras pessoas e culturas, para aceitar e respeitar a diferença entre todos aprendendo assim, em interação, a “atribuir valor a comportamentos e atitudes seus e dos outros, conhecendo, reconhecendo e diferenciando modos de interagir” (ME, 1997, p. 52).

Contudo, para que as crianças consigam estabelecer este tipo de relações é necessário o apoio e a intervenção do/a educador/a. Em primeiro lugar, é importante que o/a próprio/a educador/a demonstre e concretize práticas que apoiem as relações e interações entre as crianças no grupo (ME, 1997). Neste sentido, o/a educador/a deve zelar por práticas pedagógicas baseadas na aprendizagem cooperativa que valorize a partilha de poder, a autonomia, a responsabilidade, a resolução de problemas em conjunto, sempre através de um clima de apoio positivo assente no diálogo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário