Inês
Abreu Rodrigues
As
instituições de educação pré-escolar são locais sensíveis na
medida em que são estabelecidas variadas relações que devem
promover o desenvolvimento equilibrado e global da criança, tal como
transmitem as Orientações Curriculares para a Educação
Pré-Escolar (OCEPE). No entanto, para que tal seja possível, não
basta atender ao desenvolvimento cognitivo da criança pois, se isso
acontecer, estar-se-á a negligenciar uma parte fundamental no
desenvolvimento da criança: o desenvolvimento emocional.
Ao
realçar o papel do desenvolvimento emocional das crianças, Spodek
(2002) defende que o acesso à educação pré-escolar é vantajoso
para a maior parte das crianças porque lhes permite desenvolver
competências sociais graças à interação e ao estabelecimento de
amizades com os seus pares.
Visto
que as crianças entram desde muito cedo em instituições de
educação, elas são confrontadas com a necessidade de comunicar e
de se relacionarem com os pares, começando a identificar-se com as
crianças que têm as mesmas características e os mesmos interesses,
o que as leva a experimentar a amizade. Assim, a amizade nestas
idades alicerça-se no prazer que as crianças obtêm durante os seus
jogos e brincadeiras feitos em comum, em que
são elas próprias a delinear as regras e os papéis que cada uma
representa (Furman, 1982, citado por Spodek, 2002).
Para
além deste prazer e bem-estar emocional que as crianças
experimentam nas suas brincadeiras e jogos, é interessante realçar
o papel que este tipo de situações tem no desenvolvimento da
criança nomeadamente ao nível da adaptação e desempenho escolar
sendo, de igual modo, uma fonte de aprendizagem para viver em
conjunto, para conhecer outras pessoas e culturas, para aceitar e
respeitar a diferença entre todos aprendendo assim, em interação,
a “atribuir valor a comportamentos e atitudes seus e dos outros,
conhecendo, reconhecendo e diferenciando modos de interagir” (ME,
1997, p. 52).
Contudo,
para que as crianças consigam estabelecer este tipo de
relações é necessário o apoio e a intervenção do/a educador/a.
Em primeiro lugar, é importante que o/a
próprio/a educador/a demonstre e concretize práticas que apoiem as
relações e interações entre as crianças no grupo (ME, 1997).
Neste sentido, o/a educador/a deve zelar por práticas pedagógicas
baseadas na aprendizagem cooperativa que valorize a partilha de
poder, a autonomia, a responsabilidade, a resolução de problemas em
conjunto, sempre através de um clima de apoio positivo assente no
diálogo.
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