Inês Abreu Rodrigues
A
aprendizagem cooperativa baseia-se, pois, no trabalho e na
participação de todas as crianças para a consecução de uma
tarefa comum, exigindo a negociação e a divisão de tarefas e
papéis para que todas as crianças sejam participantes ativos. Deste
modo, Furman e Gavin (1989, citados por Spodek,
2002) realçam o valor da aprendizagem como um meio de promover
relações positivas entre os pares.
Este
tipo de aprendizagem “permite às crianças adquirir e desenvolver,
simultaneamente, competências cognitivas e sociais” (Lopes e
Silva, 2008, p.6) e, sob o ponto de vista de Vygotsky (1991, citado
por Lopes e Silva, 2008), este tipo de trabalho permite,
simultaneamente, que a criança aceda a níveis superiores de
pensamento, com a cooperação ou em contacto com os colegas mais
desenvolvidos, funcionando estes como andaimes do desenvolvimento da
criança.
Hohmann
e Weikart (2011) mencionam que “as relações sociais que as
crianças pequenas estabelecem com os companheiros são profundamente
importantes, porque é a partir destas relações que as crianças de
idade pré-escolar geram a sua compreensão do mundo social”
(p.574). Como tal, as relações que a criança prova desde cedo
moldam a visão que a criança irá formar de si e dos outros. Deste
modo, através de relações saudáveis fornece-se um bom
desenvolvimento emocional, o que representa uma base para a
aprendizagem ao nível da linguagem, da resolução de problemas e da
autoestima (Spodek, 2002).
Compreendendo
e tomando consciência da importância das relações e do
desenvolvimento emocional pode considerar-se que a aprendizagem tem
uma base emocional uma vez que como assinalam Ratner e Stettner
(1991, citados por Spodek, 2002), a separação entre o pensamento e
os sentimentos distorce o entendimento de ambos os processos porque
como Vygotsky (1993, citado por Arantes, 2003) destacou,
“Quem
separa desde o começo o pensamento do afecto fecha para sempre a
possibilidade de explicar as causas do pensamento, porque uma análise
determinista pressupõe descobrir seus motivos, as necessidades e
interesses, os impulsos e tendências que regem o movimento do
pensamento em um outro sentido. De igual modo, quem separa o
pensamento do afecto, nega de antemão a possibilidade de estudar a
influência inversa do pensamento no plano afectivo, volitivo da vida
psíquica” (p.18).
Resumidamente
e atendendo à importância dos estudos já realizados é importante
que educadores de infância e, até mesmo professores dos vários
ciclos de ensino, compreendam uma “nova” forma de ensinar. Esta
deve ter uma boa base emocional na medida em que se forem
estabelecidas relações seguras e estáveis que transmitam conforto
e confiança, as crianças sentir-se-ão mais livres e à-vontade
para explorar, para experimentar o que as rodeia, tornando-se
igualmente mais recetivas e motivadas para a realização de vários
tipos de atividade que, por sua vez, facilitam o seu desenvolvimento
cognitivo (Hohmann e Weikart, 2011). Será a meu ver, através de
práticas pedagógicas centradas no papel das relações que se
poderá contribuir para o “desenvolvimento equilibrado da criança,
tendo em vista a sua plena inserção na sociedade como ser autónomo,
livre e solidário” (ME, 1997, p. 15).
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